Comecei o ensaio achando que tudo ia dar errado. Primeiro, porque achei que não daria tempo de fazer tudo que eu havia planejado, pois tive um contratempo e cheguei atrasado. Segundo, porque tivemos um problema com o som, íamos ensaiar, sem música um objeto que é apenas música. A idéia era trabalhar as três partes do espetáculo com o último elemento: o derbake. Com ele, a personagem relaciona-se apenas com o próprio corpo, enquanto ouve o instrumento ser tocado. Há uma exceção que acontece se este instrumento for o sorteado no meio do espetáculo, mas não entrarei nos detalhes aqui.
Contra minhas primeiras expectativas, o ensaio rendeu tanto que preferi acabar um pouco antes do horário! Substituímos a música que deveria ser ouvida, por uma música imaginária que brotava do solo, enquanto a atriz fazia um exercício de enraizamento. A partir daí, dei a indicação de um discurso a ser veiculado exclusivamente pelo corpo. Esse exercício trouxe qualidades de movimento que ainda não tínhamos experimentado em nenhum outro ensaio. Havia pedido a Sara que sustentasse a personagem, reagindo a qualquer estímulo sem abandonar a situação da peça. Tenho a impressão de que esta foi a chave do rendimento de ontem. Por causa dessa indicação, entretanto, preferi fazer circular para as pessoas que passam pela porta ou ocasionalmente precisam entrar na sala um recado intitulado: Cuidado ao se aproximar: você pode virar parte do ensaio.
Foi engraçadíssimo esse ensaio! Num momento tenso da peça, passa uma criatura perguntando "Foi bom ontem?" rs... Não dava para não responder. Ótimo estímulo. Ainda não sabemos quem foi, mas valeu! Foi massa. hiAUhIAUHIAUHA...
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