sexta-feira, 25 de março de 2011

Construindo bases

Quando decidimos abordar a temática da violência sexual em um espetáculo teatral, estávamos cientes da responsabilidade implicada nesta ação. Definimos então que dialogaríamos com profissionais de diversas áreas que trabalham com esse tipo de violência. Começamos com a perspectiva de uma artista. Na quarta-feira, acompanhou o nosso ensaio a artriz Juliana Bebé, que tratou da mesma temática no espetáculo Amanheceu. Depois de assistir o nosso ensaio, Juliana fez algumas considerações e provocações, discutiu conosco aspectos da sua pesquisa cênica,  apontando-nos os desafios que virão pela frente e compartilhando as soluções encontradas por ela em seu processo. Ela ainda nos indicou outras pessoas para conversar, além de livros, filmes de ficção e documentários como referência.  

Hoje, Sara e eu trocamos o ensaio por um boa conversa com Débora Cohim, diretora do projeto Viver. O projeto Viver é um serviço governamental que atende pessoas em situação de violência sexual, oferecendo acompanhamento social, psicológico,  médico e jurídico. Débora Cohim é mestre em gênero e trabalha com pessoas em situação de violência sexual há mais de dez anos. Em duas horas de conversa, ela compartilhou um pouco da sua experiência conosco, alertando-nos sobre a complexidade desse assunto: esclareceu-nos sobre a inconveniência do uso da expressão vítima de violência sexual, por minimizar a condição de sujeito e reduzir a história dessas pessoas ao evento traumático; desconstruiu a idéia de que o agressor é necessariamente alguém doente, revelando que há muitos casos em que atos de violência são praticados por homens comuns; explicou-nos que a redução desse tipo de crime está associada a uma mudança de valores, à construção de uma identidade de sexualidade que considere igualdade de direitos; esclareceu-nos sobre a possibilidade de construção de uma vida perfeitamente saudável após a experiência traumática, desde que se procure auxílio. Obviamente é impossível resumir uma conversa tão rica  em tão poucas linhas e necessariamente estou reduzindo a experiência. Entretanto, pela importância que essas conversas tem no nosso processo de criação não poderia deixar de mencioná-las aqui. 

Por fim, agradecemos a Juliana Bebé e a Débora Cohim pela disponibilidade e acolhimento da nossa proposta. 

terça-feira, 22 de março de 2011

Notícia recente

Saiba como age o estuprador que já fez três vítimas no Comércio

A última vítima do maníaco do banheiro foi uma mulher de 18 anos, funcionária de um banco no Comércio

19.03.2011 | Atualizado em 19.03.2011 - 11:10
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Bruno Villa|Redação CORREIObruno.villa@redebahia.com.br
No apertucho abafado de um banheiro químico pode caber um mundo de sofrimento. E o carrasco é um homem que, desde novembro do ano passado, já estuprou pelo menos três mulheres dentro de um dos 16 equipamentos distribuídos pelo Comércio. Dois casos foram registrados pela polícia e um é de conhecimento de trabalhadores do bairro.

Banheiros localizados na Praça Marechal Deodoro, onde mulher foi estuprada
A última vítima do maníaco do banheiro  foi uma mulher de 18 anos, funcionária de um banco no Comércio. Por volta das 13h30 de anteontem, enquanto baianas fritavam acarajés, mendigos perambulavam atrás de uns trocados e trabalhadores esperavam os ônibus na Praça Marechal Deodoro, conhecida como Praça das Mãos, a jovem foi levada para dentro de um banheiro e violentada por cerca de 15 minutos. 

O roteiro do terror foi o mesmo do estupro ocorrido em novembro de 2010. A vítima desce no Terminal da França, na Avenida da França, é logo abordada pelo estuprador e levada sob ameaças a um banheiro. Segundo informações da 3ª Delegacia, no Bonfim, a descrição do criminoso foi a mesma nos dois casos. O homem estava vestido com bermuda, camisa polo e boné, aparentava ter cerca de 30 anos, tinha aproximadamente 1,65 de altura, era muito magro e negro.

Acusação No caso mais recente, a mulher ia trabalhar - há três meses ela conseguiu o primeiro emprego. Logo aconteceu a abordagem. “O homem disse que estava armado. Falou que tinha assaltado um ônibus e mandou ela carregar uma sacola, que parecia ter as coisas que ele roubou”, contou a prima da vítima, que está abalada e não quis conversar com o CORREIO.
Os dois seguiram lado a lado até a Praça Marechal Deodoro. A mulher não sabia que seria estuprada. “O cara mandou minha prima botar a sacola dentro do banheiro. E quando ela entrou, ele foi junto”, disse. O maníaco do banheiro químico saiu antes dela, que correu para o banco onde trabalha para pedir ajuda.

O equipamento onde o crime aconteceu estava emporcalhado na tarde de ontem. Quem se arrisca a entrar no banheiro, tem que suportar o mau cheiro das fezes acumuladas - incrivelmente espalhadas pelo chão e paredes -, moscas, restos de comida e lixo. “Não vimos movimentação nenhuma, nada de confusão. E olhe que todo mundo sabe e vê o que acontece nessa praça”, disse o comerciante Luis Fernando de Jesus, 50 anos. O tabuleiro da baiana com quem trabalha fica a poucos metros do banheiro.
Método O estuprador prefere os horários de burburinho. Em novembro de 2010, por volta das 11h, a primeira vítima do maníaco foi uma revendedora da Avon, abordada no mesmo Terminal da França. O estuprador a ameaçou com uma faca e a levou a um banheiro químico em frente ao estacionamento Multipark. Ela teve as mãos amarradas atrás das costas e, com a faca no pescoço, foi violentada.
Quando saiu do banheiro, depois do criminoso, a vítima procurou socorro no estacionamento. “Ela chegou gritando e chorando. Em estado de choque, mal conseguia ficar em pé”, lembrou o funcionário Daniel Oliveira, 32 anos. “Ela dizia que o cara estava perseguindo e que iria pegar ela de novo”. PMs da 16ª Companhia realizaram buscas, mas não conseguiram encontrar o estuprador.
Em fevereiro, houve outro caso, mas a vítima não prestou queixa. Segundo comerciantes e guardadores de carro, o método foi diferente, mas o local foi o mesmo - um banheiro no Terminal da França. “A mocinha entrou primeiro. Aí o homem forçou a porta e conseguiu entrar”, contou Denivalda Brito, 56 anos, que guarda carros na Avenida da França. Ninguém conseguiu descrever o criminoso. As trancas de alguns equipamentos são frouxas. A gari Nelma Santos, 29, experimentou isso há cerca de 15 dias. “Estava fazendo xixi e um homem forçou a porta e conseguiu abrir. Sorte que pediu desculpa e foi embora”. 



Fonte:  http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-1/artigo/saiba-como-age-o-estuprador-que-ja-fez-tres-vitimas-no-comercio/?tx_comments_pi1[page]=1&cHash=9fe06c020e62cfbc8255ba046c46a9b1

quarta-feira, 16 de março de 2011

Uma abordagem focada no usuário

Dentro da proposta da minha pesquisa - utilizar procedimentos do Game Design em uma dramaturgia para teatro - pretendo trabalhar não só com as técnicas que podem ser percebidas na cena, mas também com estratégias de desenvolvimento. Na bibliografia em que estou pesquisando, tenho encontrado de forma recorrente a recomendação de um processo de design focado no usuário. E quando os textos falam em usuário, não se referem apenas ao consumidor final, mas aos grupos que mais serão atingidos com o lançamento do produto.

Sendo assim, ao longo do processo de Véu Carmim pretendemos dialogar com representantes do nosso público alvo, dos nossos parceiros,  da classe artística e dos diversos setores envolvidos com a temática do espetáculo. Embora não possamos prometer atender a todas as expectativas, pretendemos dialogar com os diversos pontos de vista que surjam.

Para essa primeira fase de coleta de requisitos trabalharemos com entrevistas. Seguem algumas perguntas mais genéricas para quem quiser contribuir com a sua opinião aqui no blog. Evitarei aqui colocar as questões que revelem demais sobre o enredo da peça.


  • O que você espera de um espetáculo com a temática da violência sexual contra a mulher?
  • Para você qual seria a função de um espetáculo  com essa temática?
  • Que tipo de discurso você acha que deveria ser predominante no espetáculo?
  • Há algo que você julga que deveria ser evitado nesse espetáculo?
  • Você tem alguma sugestão a nos dar em termos de encenação, dramaturgia, ou qualquer outro aspecto formal do espetáculo?
  • O que mais você gostaria de nos dizer?

segunda-feira, 14 de março de 2011

A culpa é dela?

Tenho pesquisado esses dias sobre casos de estupro e como reagem as mulheres que foram violentadas. Fiquei surpresa com algumas reações do povo julgando o fato. É mais comum do que podia imaginar que atribuam a culpa do estupro à mulher, como se o fato de ser bonita, de usar uma roupa mais provocante ou simplesmente de estar no lugar indevido fosse motivo suficiente para a agressão.
Um exemplo:
Uma repórter americana a serviço da CBS, no Egito, Lara Logan, foi cercada por 200 pessoas e brutalmente agredida e violentada. Houve quem dissesse que ela era a responsável pelo ocorrido. Outros jornalistas, colegas de profissão da vítima, comentaram coisas do tipo: O que uma repórter ocidental, loira e ex-manequim fazia perambulando na praça Tahrir em plena revolução?
 "Numa enquete da Approval Pools, 4.100 pessoas, 51% do total, acharam que a jornalista era mesmo a responsável pelo próprio martírio.
Numa pesquisa simples na internet sobre o caso Lara Logan, ainda pude encontrar comentários infelizes como:


"Quem pode culpar os caras…
também, olha a jornalista q mandam pro meio daquele inferno
Sofreria estupro em qualquer lugar perigoso.
Também, olha essa mulher, quem não estupraria?
Tá certo os caras, eu faria o mesmo
Eu não estupraria, eu chamaria pra sair, daí sim, em caso de recusa…
gata assim, no meio de um país só com mulher feia e peluda, numa revolução, praticamente pedindo para ser estuprada….
EU FARIA O MESMO KKK
MULHER BURRA, FALO MERMO.
ELA DEVIA SABER QUE ELA FOI ENVIADA JUSTAMENTE POR ISSO, PRA BAUDUCAREM OS CARAS.
QUEM EM SÃ CONSCIÊNCIA ENVIARIA UMA MULHER DESSA EM UM MOMENTO DE TENSÃO SOCIAL, DE BARBÁRIE??" 

(autor não identificado)



Para ler uma das reportagens a respeito sugiro o link:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=630JDB004

terça-feira, 8 de março de 2011

Homenagem à mulher

Não só um dia de comemoração, mas de tomada de consciência. Em 08 de março de 1857, mais de uma centena de mulheres foram queimadas vivas em Nova York. Elas reivindicavam por redução da jornada de trabalho (de 16 para 10 horas) e equiparação salarial com os homens (que recebiam até três vezes mais para realizar o mesmo tipo de serviço). A homenagem às mulheres nova yorkinas foi internacionalmente instituída em 1910, em uma conferência na Dinamarca e só reconhecida pela ONU em 1975. Esse marco da luta contra o preconceito e a violência não poderia deixar de ser comentado nesse blog que é em si mesmo uma homenagem a mulher e um espaço de afirmação dos seus direitos.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Pensando com imagens

Embora não tenha grandes habilidades nas artes visuais, pintar costuma fazer parte do meu processo criativo. Ajuda-me a pensar. Quarto de casal, meu primeiro espetáculo como diretor e dramaturgo, surgiu de uma imagem que eu tinha pintado. Depois o quadro foi recriado pela artista Lícia Bastos para ser incorporado ao cenário. No início do projeto Miúda e o guarda-chuva também desenhei a minha versão da protagonista e da sua casa. Nada do meu desenho foi aproveitado em termos de imagem para qualquer produto do projeto, mas ajudou-me a delinear a personagem na minha cabeça. Acabei de fazer o meu primeiro rabisco relacionado a Véu Carmim e como estamos compartilhando processo, aí está. Vale ressaltar, entretanto, que essa imagem não necessariamente implicará em um caminho estético a ser seguido pelo espetáculo. 


quinta-feira, 3 de março de 2011

Parceria fechada com a ACADEMIA TRAINING CENTER



A partir do mês de março os integrantes da equipe do espetáculo Véu Carmim começam a cuidar melhor dos seus corpos com o apoio da Academia Training Center. Situada na Rua Lord Cochrane, nº 101 - Barra Avenida - a ACADEMIA TRAINING CENTER foi criada em 1992 pelos Professores Bira Almeida e Walter Melo, profissionais conceituados que já desenvolviam trabalhos em atividade física há mais de dez anos no mercado. 

Com 20 anos de experiência, a ACADEMIA TRAINING CENTER é um modelo de PRECISÃO EM FITNESS. Toda a sua estrutura é bem aproveitada, contando com salas amplas e bem equipadas, de Musculação, Bike Training, Ginástica e Condicionamento, além dos vestuários. Oferecendo ainda segurança, com o moderno sistema de catraca eletrônica, e comodidade, com manobrista à disposição das 5:30 às 22:00h.


Mais informações no site: http://www.trainingcenter1.com/

quarta-feira, 2 de março de 2011

Estréia definida!

Fechamos a pauta com o Espaço Cultural da Barroquinha, que fica próximo à Praça Castro Alves, s/n, na Barroquinha. Tem um acesso pelo cinema do Unibanco - Glauber Rocha.
Faremos apresentações sextas, sábados e domingos do mês de junho, às 20h.
Compareçam!